Alerta vermelho: nossa saúde está em crise

A tabela do SUS está defasada, os custos explodiram, mas o que BH enfrenta não é apenas um desequilíbrio contábil

A reportagem publicada por O TEMPO em 11 de setembro de 2025 revelou aquilo que os corredores de hospitais já gritavam: Belo Horizonte enfrenta um déficit mensal de R$ 40 milhões na saúde pública municipal. A consequência é visível a olho nu: falta de insumos básicos, unidades superlotadas, atraso no atendimento, servidores protestando e hospitais em risco de colapso.

O que acentua a gravidade é a sobrecarga estrutural da capital: 30% dos atendimentos em algumas UPAs vêm de pacientes de fora da cidade. BH atende como metrópole, absorve a demanda da Região Metropolitana, mas não recebe repasses proporcionais. O resultado é um estrangulamento crônico, que se agrava com atrasos da prefeitura nos repasses aos hospitais filantrópicos, como a Santa Casa, o Hospital da Baleia, o Sofia Feldman e outros. A prefeitura justifica com o subfinanciamento histórico do SUS. Enquanto isso, quem paga é o cidadão que espera ou morre esperando.

Outras capitais também enfrentam tensões financeiras, mas em graus distintos. Em Porto Alegre, o déficit acumulado supera R$ 250 milhões; a Santa Casa local fechou 2024 com um rombo de R$ 163 milhões. No Rio de Janeiro, a prefeitura deixou de receber mais de R$ 1 bilhão em repasses estaduais desde 2023 e viu os valores per capita despencarem para R$ 4,40 em 2025. Em Fortaleza, a nova gestão assumiu com uma dívida de R$ 400 milhões na saúde.

Em contraste, Curitiba apresenta estabilidade fiscal e gestão pactuada: manteve os repasses em dia, destinou R$ 70 milhões extras para hospitais e recebeu R$ 939 milhões do governo estadual em 2025. Salvador aumentou em 50% o repasse ao Hospital Aristides Maltez, referência oncológica. Recife preservou integralmente os investimentos em saúde mesmo em meio a cortes fiscais.

O drama de Belo Horizonte exige correções urgentes e revela responsabilidades. De 2017 a 2024, cumpri oito anos de mandato na Câmara Municipal. Desde 2022, com as emendas parlamentares impositivas, priorizei a saúde pública.Em dois anos, destinei mais de R$ 3,6 milhões para o setor, contemplando reformas em centros de saúde e financiamento de nove hospitais filantrópicos. A Santa Casa, sozinha, recebeu R$ 400 mil. A lei obriga 50% das emendas à saúde. Fiz questão de ultrapassar esse mínimo. Fiz o que estava ao meu alcance. Fiz questão de tornar isso público porque a boa política precisa ser afirmada, sobretudo diante da má gestão.

Belo Horizonte precisa de outro pacto federativo, de uma prefeitura que pague em dia os hospitais que salvam vidas, de um governo estadual que assuma o papel de cofinanciador e de um governo federal que compreenda o peso que uma capital carrega. O subfinanciamento do SUS é real. A tabela está defasada. Os custos explodiram. Todavia, o que Belo Horizonte enfrenta não é apenas um desequilíbrio contábil: é um colapso moral do compromisso com a vida.

O alerta está dado. Quem tem poder de agir não pode alegar surpresa. E quem agiu, como eu fiz, tem a obrigação de cobrar. A saúde pública de Belo Horizonte sangra. E essa hemorragia precisa ser estancada agora.

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Gabriel de a a z

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