Aliar a melhor técnica e a melhor política pela cidade
O que faz de um município uma cidade inteligente? Há quem defenda que seja instalar sensores, equipamentos eletrônicos, luminárias de LED, ideias típicas de uma gestão pública autocentrada. Para um cidadão, porém, a cidade inteligente é aquela que usa os recursos, sem desperdício, para facilitar a vida de quem ali habita.
Nesse espírito, tive duas importantes agendas nesta semana. No dia 23, encontrei-me com o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno Barros de Souza, e a diretora geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Mila Corrêa da Costa. Em pauta, a integração do transporte coletivo da RMBH.
Hoje, um cidadão depende de até 18 cartões para usar metrô e ônibus na região metropolitana. É fundamental que, sob a liderança do governo do Estado, os municípios e o Conselho Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano, trabalhem em conjunto para fiscalização, assegurar cumprimento dos quadros de horários e, no futuro, integração física, operacional e tarifária.
Vale a lembrança, aliás, de que, enquanto o município de Belo Horizonte batalha para reduzir a tarifa e aumentar a qualidade do sistema, os empresários do sistema metropolitano de ônibus seguem tendo aumentos frequentes do preço da passagem sem que vejamos reflexos na qualidade.
Também buscando o diálogo além das fronteiras da cidade, estive o dia 24 em audiência pública na Assembleia Legislativa, convidado pelo amigo deputado estadual Rodrigo Lopes (União Brasil), para falar de cidades inteligentes. Lembrei outra vez do exemplo de Londres. Quem pensa no principal centro urbano da Inglaterra não está preocupado com as 32 “boroughs” e duas “cities” que lá estão. Se, formalmente, Westminster, Camden, Lambeth e Southwark são cidades diferentes, pouco importa.
As grandes decisões estão na Greater London Authority, que, desde um referendo em 1998, tem seu próprio prefeito e Parlamento metropolitano. Muitos não gostam quando cito exemplos de longe, mas o belo-horizontino é tão capaz e tão merecedor de uma cidade inteligente quanto um londrino. Chega de nivelar nossa cidade por baixo.
Da mesma forma, quando defendo o prontuário eletrônico, não é uma sede de modernidade, mas a segurança de que qualquer médico da rede tenha exames e histórico de quem está atendendo, evitando retrabalho, economizando tempo e recursos.
Uma cidade inteligente pode se inspirar também no Rio de Janeiro, que busca, pela rede elétrica, imóveis desocupados e usa isso para incentivar construtoras a reconverterem esses imóveis para novos usos, em vez de expulsar cada vez mais a população para a borda.