Senhor prefeito, o lixo

Soluções para o tratamento dos resíduos nas cidades

Um assunto municipal por excelência, o serviço de coleta e tratamento de lixo ainda é uma das coisas que colocam o Brasil no passado. O lixo nada mais é do que aquilo que é residual a nosso cotidiano, como as embalagens dos produtos que consumimos, o que não utilizamos e alimentos que não comemos.

Produzimos muito lixo, o que já configura o principal problema, mas não podemos imaginar que, depois de coletado, o lixo desaparece. Pensando em cidades, temos que lembrar que é nossa responsabilidade individual reduzir a quantidade de resíduo produzido, mas, no que for inevitável, é fundamental nos organizarmos como sociedade para dar a destinação correta àquilo que descartamos.

Tubulação subterrânea

É comum aqui, no Brasil, a tendência de nivelar por baixo quando a busca é por soluções de políticas públicas. Eu acredito, porém, que não há nada que o mundo em suas partes desenvolvidas já tenha feito que Belo Horizonte não tenha capacidade de fazer. Por isso fui buscar soluções que existem nas cidades com melhor avaliação de limpeza urbana segundo os turistas que responderam a um questionário do portal TripAdvisor.

Destaco os casos de Estocolmo, na Suécia, que possui um sistema a vácuo de tubulação subterrânea que transporta o lixo de forma separada entre reciclável e não reciclável, a uma velocidade média de 70 km/h, entre os pontos de coleta e as centrais de tratamento.

“Lixo Zero” no Rio de Janeiro

Aquelas pessoas insuportáveis, que nos impedem de avançar pela sua inércia ou incompetência, materializadas na forma de uma postura de pouca atuação e muita reclamação, dirão que é impossível ver isso aqui. Gente chata. A facilidade de coleta de lixo, bem como uma rede ampla de saneamento, não apenas resolveu os problemas de poluição no cursos d’água da capital sueca, como retirou da cidade os caminhões de lixo, que, apesar de cumprirem uma função importante, contribuem, e muito, para a poluição sonora e do ar. Detalhes feitos por quem cuida da cidade que ama.

Podemos também nos inspirar aqui mesmo, no Brasil. Na cidade do Rio de Janeiro, em 2013, no segundo mandato do prefeito Eduardo Paes, o Programa Lixo Zero foi promovido pela prefeitura municipal e Comlurb, com a finalidade de reduzir o descarte irregular de lixo. A metodologia inclui a aplicação de multas aos que desrespeitam a lei municipal carioca de limpeza urbana, o que teve um impacto positivo na limpeza urbana e foi replicado em outras cidades brasileiras.

Energia GERADA PELO LIXO

Já enviei a sugestão ao senhor prefeito de Belo Horizonte, já que esse tipo de proposta só ele pode assinar, por ser uma prerrogativa do Poder Executivo. Estivesse lá, já teria sido enviado ao Poder Legislativo.

O governo federal lançou em 2021 o Atlas de Potencial Energético dos Resíduos Sólidos, logo depois de realizar o primeiro leilão para compra de energia gerada a partir do lixo. A ferramenta dará as diretrizes para que o governo possa desenhar políticas, alcançando a meta de redução de 30% das emissões de metano até 2050, compromisso assinado durante a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26). O que nossa cidade fez a respeito? Questionei o senhor prefeito.

NITERÓI

No Brasil, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu) é uma ferramenta que mede a aderência dos municípios brasileiros às diretrizes e metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O município de Niterói obteve o primeiro lugar no índice entre os municípios com mais de 250 mil habitantes.

Niterói é a cidade que mais coleta lixo per capita e também está em primeiro lugar no investimento financeiro e em pessoal com a coleta e processamento de resíduos. Ou seja: tratar o lixo é, de fato, caro, e não há soluções mágicas, mas podemos resolver muito se atuarmos também complementarmente na redução de resíduos. Por qual razão nós não estamos no topo dessa lista?

Zeladoria Urbana

Um alerta para a população de Belo Horizonte: a prefeitura criou, logo na posse do prefeito Fuad Noman, a Subsecretaria de Zeladoria Urbana. A criação da subsecretaria pode ser um sinal positivo de que a prefeitura está se empenhando para melhorar a situação na cidade, mas já esperamos mais de um ano para ver se as medidas tomadas serão efetivas.

Até agora, só soubemos da criação de um gabinete para o subsecretário. Alguém aí já viu alguma melhora no serviço nas ruas? Enquanto isso, a SLU é entregue a quem já operou máfia de lixo noutros municípios… essa história não terminou bem no município de Santo André, em São Paulo. Cuidado, senhor prefeito, com o lixo.

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Gabriel de a a z

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