Transporte rápido e confortável em Santiago do Chile

Imagine o melhor dos mundos em termos de transporte público urbano: rápido, confortável, eficiente, integrado, totalmente eletrônico e que disponibilize informações fundamentais para os usuários em tempo real. Pois bem, este sistema existe, atende uma população de cerca de 6,2  milhões de habitantes e não está na Europa ou na América do Norte. É o Transantiago, o elogiadíssimo e moderno sistema de transporte da Região Metropolitana de Santiago do Chile, capital do vizinho país andino.

A –  O Transantiago é gerenciado pelo governo federal do Chile, por meio do Diretório Metropolitano de Transportes Públicos (DMTP), e engloba os modais de ônibus e metrô.  Os números operacionais do Transantiago são extraordinários. Nada menos 32 cidades são atendidas pelas linhas de ônibus do sistema, cobrindo uma área de 680 quilômetros quadrados. São cerca de 3 milhões de pessoas circulando por dia nos coletivos. O Diretório Metropolitano de Transportes Públicos regulamenta, controla e supervisiona o Transantiago. Sete empresas exploram a concessão do transporte público.

B – O segundo modal do sistema é o metrô. São cinco linhas que circulam por diversos bairros de Santiago. A maioria das estações é integrada ao serviço de ônibus. Cerca de 2 milhões de passageiros usam o metrô diariamente e contam com comodidades como bicicletários, acesso gratuito à internet e elevadores para deslocamento de pessoas com necessidades especiais.  As estações começam a operar às 5h30 e funcionam até  23h30.

C ­– O uso de tecnologia é intenso em todo o sistema, justamente para oferecer mais conforto e segurança ao usuário e também limitar perdas financeiras. A novidade mais recente é a implantação do reconhecimento facial, para impedir que as pessoas consigam burlar a vigilância e embarquem nos ônibus sem pagar a passagem. As autoridades chilenas calculam que a cada 10 viagens, três são feitas sem o devido pagamento da tarifa.

D – O processo de reconhecimento facial já é usado nos colégios chilenos como muito sucesso e será implementado no Transantiago. A polícia chilena também faz blitzes nas estações e nos ônibus, para identificar passageiros que tentam viajar de graça. A questão é tratada como prioridade pelas autoridades, uma vez que os investimentos no serviço de transporte são altos e é necessário impedir a evasão.

E – Esse controle rígido só é eficiente porque o cartão eletrônico bip!, com o qual os passageiros têm acesso às estações de ônibus e de metrô, é obrigatório. Não há como usar o sistema de outra forma. A recarga do cartão é feita em postos espalhados pela cidade, nas estações de metrô e em diversas redes de supermercado. Tudo é feito para facilitar a vida do usuário. Há uma tarifa especial para os estudantes, mais baratas, mais eles também deve usar o cartão bip!.

F – Informações detalhadas sobre o sistema, como horários de saída e chegada dos ônibus e do metrô, mapas de onde embarcar e desembarcar, de acordo com o destino do passageiro, estão disponíveis na internet. Assim, os moradores da Região Metropolitana de Santiago e os turistas podem planejar a viagem. Também há informações  sobre manutenções e interrupções de tráfego, para que os passageiros não percam tempo.

G –  A preocupação com a sustentabilidade é grande e uso de ônibus elétricos, para reduzir a poluição atmosférica, foi incluído na licitação do sistema. Pelo menos 90 coletivos movidos por energia elétrica deverão ser incorporados à frota pelos concessionários vencedores da concorrência. Os dois primeiros começam a operar ainda em 2017. Os benefícios em termos de redução da poluição são grandes: um ônibus elétrico emite 70% a menos de poluentes em comparação com um veículo movido a diesel.

H – O mais impressionante é que a transformação do sistema de transporte público da Região Metropolitana de Santiago foi feita em um curto espaço de tempo, exatamente 10 anos. Até  2006, o serviço era ruim, sem qualquer integração e com ônibus velhos e desconfortáveis. Em 2007, mais precisamente em fevereiro, o Transantiago começou a operar, baseado na integração e no uso obrigatório do cartão eletrônico bip!.

I – O processo de implantação não foi exatamente pacífico,  apresentando muitos problemas no período inicial de operação. Nos primeiros dias, não havia ônibus suficientes, os cartões eletrônicos apresentavam falhas e os passageiros, desconfiados, preferiram o metrô, que enfrentou sobrecarga.  Mas as dificuldades foram superadas e o Transantiago tornou-se referência de experiência bem sucedida de integração e modernização de modais de transporte público.

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