Trinômio em BH: teto, trabalho e transporte

Integração na base do desenvolvimento da capital

A cidade é um organismo vivo. E para dar-lhe vida é imprescindível que todos os seus sistemas funcionem de forma integrada.

Após ser eleito presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, conduzi uma rodada de conversas individuais com meus colegas vereadores, que votaram e que não votaram em mim, para ouvir suas demandas e anseios para unirmos o Poder Legislativo e construirmos uma pauta em comum. Os desejos são os mais diversos, mas a maioria das conversas tem pontos em comum: habitação, geração de empregos e mobilidade urbana, desafios que teremos que enfrentar em conjunto.

Acontece que os três temas são mais interligados do que parece. A crise do transporte no país inteiro é profundamente relacionada a um modelo urbanístico atrasado, que condena os mais pobres a viver afastados dos centros das cidades e se empilharem em ônibus diariamente para chegarem a seus trabalhos.

A solução para a habitação não pode ser apenas construir grandes conjuntos residenciais, em verdadeiros desertos, afastados de serviços, oportunidades de emprego e equipamentos públicos. Precisamos ocupar as áreas já desenvolvidas da cidade, especialmente os imóveis vazios ou subutilizados do hipercentro.

Converter espaços desocupados no centro da cidade em habitações de interesse social reduz o déficit habitacional e encurta as viagens da maior parte dos trabalhadores, que atualmente em grande parte se deslocam até o hipercentro da capital e depois fazem outra rota até seu destino final. E além disso precisamos adensar a ocupação residencial.

Todo esse processo de requalificação urbana passa por um dos principais empregadores da cidade: a construção civil. O incentivo à construção, ao retrofit, à reconversão dos imóveis desocupados em residências, pode garantir o cumprimento da função social da propriedade, enfrentar diretamente os desafios da mobilidade e fazer tudo isso gerando empregos no processo. É preciso deixar de ver a construção como inimiga e entendê-la como indutora de desenvolvimento.

Unidades Habitacionais

Temos grandes desafios pela frente: estimular a produção de unidades habitacionais gerando empregos, o que passa pela revisão da legislação urbanística na capital mineira. Por que as grandes edificações estão ocorrendo em Nova Lima, com tantos espaços desativados no Barro Preto? É uma questão que a administração municipal não pode esquecer.

Falar de reformulação dos contratos de transporte já seria repetitivo. Já falei muito, apresentamos projetos, e falta à prefeitura se mover para resolver a questão dos ônibus. Contudo, mobilidade urbana não pode ser só isso: é uma questão de planejamento urbanístico. Já avançamos nisso ao integrar a Superintendência de Mobilidade à Secretaria Municipal de Política Urbana, em vez de ser um mero braço da Secretaria de Obras.

Tudo isso pode induzir um desenvolvimento urbano que garanta o direito à cidade, a caminhabilidade e leve as residências dos trabalhadores para mais perto de onde estão as oportunidades de emprego. E ainda pode ser feito estimulando o setor de serviços, gerando empregos de forma inteligente.

É preciso parar de enxergar as questões urbanas de forma desarticulada. Cada ponto interfere diretamente no outro, e, para quem ama nossa cidade, toda a vida em Belo Horizonte é uma coisa só. É com conhecimento, diálogo, inteligência e pé no chão que vamos conseguir avançar.

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Gabriel de a a z

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