Viramos a página e precisamos de equilíbrio

O mundo gira. A normalidade institucional exige foco no que importa: desempenho do governo

Bolsonaro foi condenado. Recorreu. Por óbvio, cumprirá pena. O Estado de Direito foi testado e funcionou. A democracia segue de pé. Lula se encontrou com Trump. Brasil e Estados Unidos voltam a conversar. O mundo gira. A normalidade institucional exige foco no que importa: desempenho do governo.

Não dá para deixar que a fumaça do bolsonarismo execrável encubra os defeitos desta gestão. O problema central é econômico e institucional. Crescimento curto, investimento fraco, dívida em alta e discurso fiscal errático.Ambiente de negócios inseguro. Falta de reformas que modernizem o Estado e destravem produtividade. Educação com metas tímidas e exclusão produtiva de milhões. É isso que drena a confiança, eleva o custo do dinheiro e afasta capital de longo prazo.

Na semana passada, ouvi de Romero Jucá: “não é Lula 3, é Dilma 3.” A semelhança de erros salta aos olhos. Eu faço parte de um MDB que quer distância desse roteiro e já colocou na mesa um conjunto de soluções. Estão no documento programático da Fundação Ulysses Guimarães, que ajudei a escrever.

Primeiro, arrumar o macro: responsabilidade fiscal com metas cumpridas, controle da inflação, câmbio flutuante, investimento elevado e produtividade crescente. Com credibilidade, o Brasil pode recuperar o grau de investimento e reduzir o risco que encarece cada obra e cada crédito.

Segundo, segurança jurídica para o capital que investe. Respeitar contratos, blindar agências reguladoras e harmonizar Poderes. Previsibilidade reduz juros e viabiliza concessões e PPPs robustas. O documento propõe fast track regulatório e priorização nacional de infraestrutura até 2040. Ferrovias, portos, hidrovias e conexão ao Pacífico como estratégia, com agências técnicas e agenda de OCDE.

Terceiro, modernizar o Estado: mérito, produtividade e avaliação de resultados. Governo digital a serviço do cidadão. Estatais com governança, metas e transparência. Banco Central autônomo, regulação estável e diálogo entre Poderes para reduzir a judicialização crônica.

Quarto, educação para virar produtividade. Meta de 35% das matrículas em tempo integral até 2030, com sete horas de aula e três refeições. Erradicar o analfabetismo absoluto, carreira de gestor escolar, uso responsável de inteligência artificial e currículo com foco em linguagem e raciocínio lógico.

Quinto, inclusão produtiva em escala. Agente de Desenvolvimento Social conectando famílias a emprego, qualificação e microcrédito. Bolsa Família com transição segura para o mercado formal. Política social que protege e emancipa.

Sexto, transição verde com institucionalidade séria. Licenciamento previsível, corte de prazos, governança ambiental e agregação de valor a minerais críticos. Sustentabilidade que gera investimento e emprego qualificado, não marketing climático.

Um partido com 60 anos de história não deve se limitar a aplaudir ou vaiar. Propõe, organiza e se oferece ao julgamento popular. Ideias exigem voto. A democracia já provou que funciona e sempre contou com o MDB. Falta fazer a economia funcionar com a mesma clareza.

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Gabriel de a a z

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