A Pampulha deve ser tratada com carinho

Necessidade de um detalhado plano de requalificação

A orla da Pampulha tornou-se o principal ponto de encontro da população de Belo Horizonte neste período de pandemia, principalmente nos fins de semana. A necessidade de estar em contato com a natureza após o longo período de isolamento social levou as pessoas a redescobrirem a Pampulha como espaço ideal para pedalar, caminhar, observar o conjunto arquitetônico, fotografar ou simplesmente relaxar.

Esse intenso fluxo de gente só reforça a necessidade de um detalhado plano de requalificação da Pampulha, não apenas para atender à demanda dos moradores da capital, mas ainda para incrementar o potencial de geração de emprego e renda que a região oferece. A Pampulha pode se transformar no principal polo de esporte, lazer e turismo de Belo Horizonte, justamente em um momento em que a cidade busca alternativas sustentáveis de retomada econômica para diminuir os efeitos socioeconômicos decorrentes da epidemia do novo coronavírus.

Neste mês se completaram cinco anos do reconhecimento do Conjunto Arquitetônico da Pampulha como Patrimônio Cultural da Humanidade, título concedido pela Unesco em julho de 2016. As duas principais contrapartidas exigidas pelo organismo da ONU para ratificar o reconhecimento tiveram pouco avanço: a despoluição da lagoa e a demolição do anexo do Iate Clube, construção irregular que descaracteriza o conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer. As duas ações são de responsabilidade do Executivo municipal e estão atrasadas.

Essa constatação foi feita pela Globo Minas, em uma série de reportagens da jornalista Patrícia Fiúza. Apenas com a limpeza da lagoa, a prefeitura gasta cerca de R$ 32 milhões por ano. Entretanto, a qualidade da água continua ruim. No início de julho foram registrados focos de cianobactérias na parte de trás do Museu de Arte da Pampulha, comprovação do alto índice de poluição da represa. Isso sem mencionar o grande volume de lixo retirado diariamente das águas e margens da lagoa.

Sobre a derrubada do anexo do Iate, a elaboração dos projetos de demolição começou em fevereiro, com quase um ano de atraso, em razão da pandemia. A previsão é que até o fim de 2021 esteja concluído. Entretanto, a remoção do anexo não está automaticamente garantida. A prefeitura só vai iniciar a derrubada do anexo depois de autorização judicial. Portanto, não há data definida para o cumprimento da exigência feita pela Unesco.

Há outros problemas, de menor complexidade, mas que também precisam ser equacionados o quanto antes. As obras de restauração do Museu de Arte da Pampulha estão paradas. O local está isolado, e o mato tomou conta dos canteiros. Não há previsão para a execução da requalificação em 2021. Isso só deve ocorrer no ano que vem, de acordo com informações da Prefeitura.

Uma boa notícia é que começou a retirada dos bloquetes que separavam a ciclovia da pista de rolamento da avenida Otacílio Negrão de Lima. Os blocos de concreto causavam muitos acidentes. A ciclovia será totalmente recuperada em dez meses. A iniciativa é do vereador Jorge Santos (Republicanos). Ele é ciclista e tem diversos projetos voltados para a recuperação da orla. O que o principal cartão-postal de Belo Horizonte precisa é ser tratado com carinho pelo poder público, devido à sua importância para a cidade. O momento é de concentrar esforços para que tal requalificação seja acelerada e ampliada. É o que a população da capital espera.

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