Gratidão, humildade, trabalho

Eleição da presidência da Câmara de Belo Horizonte

Em 12 de dezembro de 2022, aniversário de 125 anos da nossa cidade (inaugurada cinco dias antes do prazo), fui eleito para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Vivi um dos dias mais intensos e marcantes da minha vida. Tanto que, com 36 anos, nunca tendo tatuado nada em meu corpo, resolvi fazer uma tatuagem para eu não me esquecer nunca de três palavras: gratidão, humildade, trabalho.

Gratidão aos 10.185 eleitores que me confiaram o voto para vereador de Belo Horizonte em 2016. Gratidão aos 13.088 eleitores que me concederam a honra de outro mandato em 2020. Gratidão aos meus pares vereadores por 21 votos para me permitir presidir a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Gratidão à minha família, que está sempre ao meu lado diante dos desafios. Adoraria que meu pai, Gilson Marques de Azevedo, estivesse vivo para presenciar esse momento.

Nos seus últimos dias, em 2020, pouco após completar 80 anos, muito debilitado por um câncer no pulmão que o tirou de mim nos piores momentos da pandemia, recebi dele dois conselhos: “Brigue menos, construa mais; exponha-se menos, planeje mais”. Prometi que o escutaria. Aliás, disse esta semana a alguns amigos que, se eu ainda usasse as mídias sociais como eu usava, jamais teria me tornado presidente. Voltarei a elas de outra forma.

Na política, não há a construção individual. Há somente a construção coletiva. Cada um dos colegas que estiveram comigo abriu mão de pretensões pessoais (sobretudo meu amigo Juliano Lopes, a quem serei sempre grato), recusou ofertas das mais diversas e resistiu bravamente a ameaças e pressões que vinham de onde menos se esperava. Tendo gratidão a todos os 21 votos, destaco especialmente os de Jorge Santos e Cleiton Xavier. Comigo, formaram um grupo de apoio desde o primeiro dia e resistiram até o fim ao meu lado. E sobre isso, sendo grato a eles, reflito também sobre humildade.

Humildade de reconhecer os meus erros. Humildade de constatar que, dentre todas as resistências que podiam existir quanto a mim, a maioria foi originada dos meus próprios defeitos, sobretudo da vaidade e do comportamento por vezes explosivo e inconstante. Humildade de entender os motivos que levaram meus pares a superar minhas falhas e entender que ainda há qualidades. Há compromisso, honestidade e independência, que faziam isso tudo valer a pena. É algo que eu preciso aprender também no trato com os outros.

Fui eleito presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte com 21 votos, todos igualmente importantes, mas preciso ter a humildade de reconhecer que, nas últimas horas do processo, meu grupo contava apenas com três.

O grupo alinhado à Prefeitura de Belo Horizonte (e alguns outros interesses que se revelaram pelo caminho) tinha 20 votos. Vetado pelo prefeito após uma proposta de candidatura única de conciliação, minha opção foi o grupo que me acolheu, que contava com 18, liderado pelo hábil deputado federal Marcelo Aro. Humildade é entender que, ainda que tenhamos agregado os três votos que faltavam para a vitória, ali já havia um time encabeçado pelo meu amigo, e futuro presidente, Juliano Lopes, que teve a grandeza de abrir mão da cabeça de chapa para participar desse projeto vitorioso.

Nunca me esquecerei disso. Na política, gestos são fundamentais.
Trabalho é o que vem pela frente. Na próxima semana, pretendo me encontrar com todos os outros 40 vereadores. Também aqueles que não votaram em mim. Passada a eleição, é hora de reconstruir pontes e ouvir de cada um quais são as prioridades e desejos para nossa capital mineira no Poder Legislativo. Quero construir uma parceria proveitosa com a prefeitura, sem submissão, de forma harmônica e independente, para avançar nas pautas que interessam a toda a cidade. Estamos todos nesse espaço de forma passageira para servir ao povo. Esse é o nosso compromisso.

PS: Quando resolveram mudar a capital de Minas Gerais, havia cinco cidades candidatas. Belo Horizonte, após perder nas duas primeiras votações, foi escolhida numa terceira por apenas dois votos de diferença: 30 a 28. A Lei Número 3, adicional à Constituição, de 17 de dezembro de 1893, fez a história de todos nós e da nossa cidade possíveis. Por apenas dois votos…

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