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Orientação sexual não faz de uma pessoa pública melhor ou pior

Eu mereço. Meu amigo querido que atende por Alberto Lage Paula Carvalho Rezende participou do segundo seminário do Clube Associativo dos Profissionais do Marketing Político na semana passada, em São Paulo. Tive o privilégio de contar com o talento dele na minha campanha para prefeito em 2024. E ele ainda por cima me doou o serviço, não por ser bondoso, mas por saber que eu não teria como pagar. Ele, um dos melhores profissionais da área no Brasil, é caro. E vale cada centavo.

Bem, naquela confraria de marqueteiros, eis que surgiu um personagem relacionado à campanha de Belo Horizonte para puxar papo com Albertinho, uma atividade de altíssimo risco. E ele me solta essa…

Quando percebeu-se que o Gabriel poderia ir ao segundo turno, recebi informações de que ele faz bailes de máscaras com pessoas peladas. Outras campanhas também receberam. Alguém poderia usar isso”.

Albertinho soltou uma das suas sonoras gargalhadas. Só de ouvir essa parte do começo da prosa, já vislumbrei aquela saborosa cena do filme “Eyes Wide Shut” (tradução: “De Olhos Bem Fechados”), de Stanley Kubrick, estrelado por Nicole Kidman e Tom Cruise, baseado no romance “Traumnovelle”, de Arthur Schnitzler. Talvez foi assistir àquela obra-prima ainda adolescente que bagunçou tudo na minha vida… (contém ironia). A senha por aqui não é “fidelio”, já aviso.

Depois de recuperar o fôlego, meu amigo/marqueteiro iniciou seu show… “Eu faria uma peça de campanha mostrando o cruzamento da avenida Amazonas com a avenida do Contorno, onde um Gabriel que dispensa teleprompter diria que Belo Horizonte já é uma suruba, mas as dele, ao menos, são organizadas”.

Imaginar que uma cidade com tantos problemas traria para o debate eleitoral a minha vida sexual dá a exata dimensão medíocre de alguns candidatos e de alguns profissionais. Há gente que ainda faz suas escolhas eleitorais assim? Há. Todavia, no Brasil de 2024, meu amigo Eduardo Leite pode governar o Rio Grande do Sul ao lado do primeiro-cavalheiro Thalis Bolzan, além da simpática dupla de cães schnauzer no Palácio Piratini. Como o óbvio precisa ser dito, não é o gênero ou a orientação sexual que fazem de uma pessoa pública melhor ou pior. Ponto.

Sou um homem. Esse é meu gênero. Sou bissexual. Essa é minha orientação. Sou ativo. Essa é minha posição. E sou livre. Essa é minha verdade. Sou transparente, enquanto muitas outras pessoas públicas preferem, às vezes por medo, às vezes até por recomendação dos seus marqueteiros, omitir quem são. É triste, né? E cria uma condição de fragilidade. Quem guarda um segredo dessa dimensão cria para o adversário uma oportunidade de ataque. Não é meu caso.

“Não sei se ganha eleição, mas, se milhares de pessoas estiverem falando da vida sexual dele, Gabriel será o homem mais feliz do mundo”. Alberto me conhece como poucos. E faz piadas da minha vaidade como ninguém. O meu gigantesco ego envolve obviamente um componente libidinoso, com pitadas de humor.

Num Brasil em que bilhões e bilhões são embolsados pela corrupção, ver que a crítica que seria feita contra mim abordaria meu apetite sexual é motivo de orgulho. Numa espécie de juízo final dos políticos brasileiros, diante de uma longa fila de julgamentos em que se perfilariam corruptos, incompetentes, inúteis de toda sorte, faria questão de recordar aos meus julgadores: “Eu sou o das surubas, viu?”

Jamais mentiria para ser prefeito. Se minha sexualidade é motivo para que alguém deixe de votar em mim, não há o que eu possa fazer. As coisas são como são. E há situações que apenas o tempo consegue mudar. Há pessoas que pensam tanto na sexualidade alheia que se esquecem de que há uma cidade povoada de um povo diverso. Ninguém é igual a ninguém. Para todas as outras pessoas, fica à disposição o que resta de mim além do sexo, sobretudo um coração intensamente apaixonado por Belo Horizonte e uma cabeça da qual surgem permanentemente ideias para cuidar do que importa.

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Gabriel de a a z

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