Um necessário construtor de pontes no mundo político
Todos deveríamos saber que fiscalizar, legislar e representar são as funções típicas de um vereador. Para representar, é preciso estar sempre perto do povo. Um parlamentar que simboliza bem esse contato é o meu colega Álvaro Damião. Com experiência como radialista, apresentador de TV e vereador, Álvaro Damião tem a cara e o cheiro do povo de Belo Horizonte, compromisso com as comunidades humildes e sua crença no poder transformador do bem social.Fundador do Instituto Bacana Demais, dá um exemplo de como a educação, o esporte, a cultura e o lazer podem ser utilizados como ferramentas de inclusão social e desenvolvimento humano. Esta instituição, fundada em 2014, destaca-se por oferecer serviços e atividades gratuitas para crianças, jovens e idosos em situações de vulnerabilidade em Belo Horizonte. O Instituto não apenas proporciona oportunidades a quem carece delas, mas também atua como um suporte vital para pais que trabalham e se preocupam com a influência da criminalidade em seus filhos, com escolinha de esportes, treinamento em inclusão digital, reforço escolar, assistência jurídica e suporte psicológico.
Além de um grande trabalho social e uma notável carreira jornalística, Álvaro Damião é um construtor de pontes, daqueles que o mundo político precisa demais.
Não se trata de um vereador do meu grupo político. Pelo contrário, é um membro da base do prefeito Fuad Noman. Leal ao governo, ele vota com ele os projetos do Poder Executivo, mas não se uniu aos esforços de alguns membros da Prefeitura, como o Secretário Municipal de Governo, Castellar Guimarães Neto, o “longa manus” de Marcelo Aro, além de “consigliere” da “Família Aro”, para organizar uma farsa contra o meu mandato. É esse tipo de articulação positiva que destrava a pauta e permite a cidade avançar. Álvaro Damião ajuda muito mais a prefeitura na Câmara Municipal do que o Secretário Municipal de Governo, que se tornou um entrave para a cidade. Todos esperávamos mais dele. Se provou uma vergonha. Achei que ao menos sua vaidade exacerbada serviria de freio para as ambições do seu chefe. Estava equivocado. A frase de François Mitterrand que ele tatuou na perna durante a crise que viveu na Federação Mineira de Futebol virou apenas uma ironia para sua condição mesquinha.
Muitos vereadores da base do governo me procuraram para dizer que não concordam com as articulações fracassadas para me calar, para me tirar da Presidência da Câmara Municipal e tomar os meus direitos políticos por oito anos. Agradeço as manifestações de solidariedade de todos. Várias delas, porém, vem acompanhadas de uma terrível conjunção adversativa. Na política, é terrível o “mas”… cheguei a ouvir em Plenário, em tom de lamento, que infelizmente teriam que negociar com “faca no pescoço”.
Permitam-me ser claro e óbvio: cassação de mandato não é instrumento de influenciar a pauta do Parlamento e a grande pressão promovida pelo Poder Executivo evidencia o claro desvio de finalidade das últimas articulações.Quem dá suporte a isso não pratica a boa política.
Ainda, foi interessante ouvir que havia quem não queria votar pela minha cassação, mas caso o fizesse perderia a indicação de uma obra ali ou acolá nas suas bases eleitorais… Assim, eu pude descobrir quais colegas trocam a minha vida por isso ou aquilo. Eu jamais negociaria o mandato político de um parlamentar por benefício algum. Não se deve atuar sacrificando ninguém.
Álvaro Damião não me deve nada. Não contei com o voto dele para Presidente da Câmara Municipal. E, ainda assim, meu colega teve a grandeza de ir ao microfone do Plenário Amintas de Barros, na sede da Câmara Municipal de Belo Horizonte, e declarar que não compactuaria com o prolongamento de uma farsa que faz mal à cidade. Muitos colegas disseram que gostariam de fazer o mesmo, mas que não tinham condições de suportar eventuais retaliações políticas da Prefeitura. Outros, explicavam que, uma vez que a cidade toda já sabe que não há votos suficientes para me cassar, prefeririam não se indispor com o Poder Executivo. Álvaro Damião poderia ter feito o mesmo. Se manifestou não por ser meu apoiador ou por ser contra o prefeito, mas por saber que era o certo e por saber que só a paz interessa à cidade, enquanto a guerra interessa a poucos. Caráter não se compra e não se vende por ninguém. Caráter se tem.E a coragem, já diria Winston Churchill, é a qualidade que garante outras. Álvaro Damião é um construtor, um algodão entre cristais. Um vereador bacana demais.
