TRANSPORTE COLETIVO, SAÚDE E SEGURANÇA PÚBLICA
A pesquisa DATATEMPO divulgada nesta semana pelo jornal O TEMPO oferece um importante raio-x da nossa cidade. É evidente que fiquei honrado com o destaque de ser o nome com a menor rejeição entre os listados pelo instituto para a disputa pela prefeitura no ano que vem, porém mais importante do que antecipar discussões políticas é ver a avaliação dos serviços públicos.
O maior problema da cidade, segundo os cidadãos que respondem à pesquisa, não é uma surpresa: transporte coletivo. Frequentemente ouço: “Nossa, mas o Gabriel só sabe falar de ônibus?” Pois ainda é pouco! É cada vez mais óbvio que abraçar com intensidade essa causa me custa um desgaste pessoal e político muito grande, mas ainda temos muito para avançar.
Precisamos que o transporte coletivo seja uma opção, e não a única alternativa para quem não tem outra saída. Hoje, só utiliza o transporte coletivo quem não tem outra opção, com raras exceções. Também nesse sentido, por força de lei que propus e foi aprovada, já está operando um projeto-piloto em que o pagamento é feito por aproximação num cartão de crédito ou débito.
O cidadão que não usa habitualmente os ônibus, que não tem um cartão BHBus, ou mesmo um turista poderão ter uma opção mais simples do que comprar um cartão específico e carregá-lo. Temos novidades de que muita gente ainda não se deu conta, mas já está doendo no bolso de gente acostumada a prejudicar a cidade: não há mais aquela história de multas que nunca são pagas – agora o corte é direto no subsídio, retido na fonte.
A prática de aumentar a tarifa de surpresa entre o Natal e o Ano-Novo acabou: graças a uma emenda que lutei muito para aprovar, todo ano o preço da passagem vai ter que ser colocado na Lei Orçamentária, discutido em público, às claras, no chão do acalorado plenário da Câmara Municipal. E esse tema vai virar debate em breve… afinal, quanto vai custar a passagem de ônibus em 2024?
O segundo item mais citado como um problema na pesquisa DATATEMPO é saúde. Sabemos que é uma demanda infinita. Trata-se de um serviço que o cidadão usa quando não está bem. Qual é a função do poder público nesse aspecto, quando o cidadão já está passando mal? É, primeiro, não atrapalhar.
Muitas vezes, quando a pessoa está precisando de um atendimento não planejado, uma das grandes dificuldades é que ela não sabe onde ele vai encontrar médico disponível, não sabe qual é o lugar menos lotado. E isso pode ser corrigido com inteligência de gestão, com a conclusão da digitalização dos prontuários de cada paciente, com transparência e informação clara para não deixar o cidadão perdido ao buscar atendimento.
Temos também a crise geral da falta de médicos, de especialistas, da fila de cirurgias eletivas. Nesse tópico, é imprescindível uma mudança de postura. Estou exausto de ver a prefeitura de Belo Horizonte dizendo que não tem médico, que lançam o edital e não aparecem profissionais. Isso não é normal. Por que eles não aparecem? É porque outras cidades pagam mais? É porque as condições de trabalho não são boas? A administração precisa se perguntar isso, e não apenas se dar por satisfeita.
Demos um passo concreto na Câmara Municipal por meio de uma proposta minha criando a tarifa zero nos ônibus para quem está em tratamento de saúde. Um avanço enorme para o povo, que foi conquistado com muita pressão.
O terceiro item mais criticado é a segurança pública. Os municípios não cuidam disso sozinhos, mas o planejamento urbano pode ajudar muito. Jane Jacobs, que já citei muito aqui, defende um conceito de segurança pública baseado no urbanismo. Uma cidade com olhos para a rua, com fachadas abertas, adensada, com pessoas transitando, vai ser sempre uma cidade mais segura. E, para isso, é crucial reformular o Código de Posturas e o Código de Obras. Além disso, claro, precisamos do fortalecimento das nossas forças de segurança.
No caso da cidade, a Guarda Municipal está com importantes pleitos sendo discutidos no Poder Legislativo, principalmente questões de carreira: as pessoas que dão a vida pela segurança na cidade precisam ser valorizadas. Tudo isso a cidade pode fazer se abandonar essa mentalidade do passado de que segurança não é problema da prefeitura.
Quando se assume uma postura altiva para combater problemas que “sempre foram assim”, a gente se coloca em posição de confronto. Podem até ocorrer retaliações, porém Belo Horizonte merece mais do que o conformismo e a lentidão.