Uma decisão popular
Meu nome é Gabriel Sousa Marques de Azevedo. Nasci em 12 de março de 1986 no centro de Belo Horizonte, onde moro até hoje. Fui eleito vereador em 2016, na primeira eleição que disputei, e reeleito em 2020. Desde 1º de janeiro deste ano, sou presidente da Câmara Municipal. Contudo, a partir dessa semana, vou me permitir outra forma de me apresentar: Gabriel, o responsável por aceitar o processo de cassação que livrou a Câmara Municipal de Léo Burguês.
A aceitação é uma prerrogativa pessoal do presidente da Câmara Municipal, e, por isso, Léo Burguês tentou me pressionar de todas as formas para ganhar tempo. Não teve sucesso. Na quarta-feira, no momento em que coloquei a cassação de Léo Burguês em votação na sessão plenária, o dito-cujo renunciou ao mandato e saiu atirando em apenas um colega: em mim. Na vida, nossos aliados nos definem muito, mas às vezes os adversários definem muito mais.
Léo Burguês, no seu primeiro ato como ex-vereador, me escolheu como seu algoz. Atribuiu individualmente a mim todo o processo de cassação. Não é verdade. Sua vida pregressa é sua sentença. Contudo, vou aceitar o elogio. Podem me chamar de Gabriel, o responsável pelo processo de cassação que livrou a Câmara Municipal de Léo Burguês. Aceito…
Léo Burguês me fez uma acusação: de ter aceitado o seu processo de cassação por “autopromoção”. Assim, ele mesmo confessa que a sociedade belo-horizontina estava ansiosa por se ver livre dele, que extirpar Léo Burguês da política é uma decisão popular. E é verdade. Após a sessão de quarta, alguns cidadãos me cumprimentaram. Outros pediam fotos e apresentavam aos amigos: “esse aqui é o Gabriel, o responsável pelo processo de cassação que livrou a Câmara Municipal de Léo Burguês”. Outros disseram que devo tomar cuidado por estar lidando com um bandido. Não seria a primeira vez.
Confesso: queria mesmo me livrar de Léo Burguês. Não entendia como ele ainda era eleito. Quando aceitei o pedido de cassação, alguns amigos me perguntavam: “Por qual dos crimes? São tantos!”. Eu me policiava, entretanto, para me conter nas declarações. Sabia que, como presidente da Câmara Municipal, falava em nome de toda uma instituição e que alguns posicionamentos poderiam macular um processo longo, de julgamento jurídico e político, que seria feito pela Comissão Processante.
Feita a renúncia, extirpado esse problema, me permiti esse desabafo. Não como Presidente, mas apenas como um vereador, cidadão, filho de dona Karminha e seu Gilson, apenas um orgulhoso Gabriel, o responsável pelo processo de cassação que livrou a Câmara Municipal de Léo Burguês.
Diz o texto da Lei da Ficha Limpa: “São inelegíveis (…) os membros (…) das Câmaras Municipais que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura”. Correção feita.
Agora, voltamos à ordem normal dos trabalhos. Temos muito a fazer no trinômio que já prometi: teto, trabalho e transporte. Reaquecer a construção civil, trazer os moradores para perto de seu trabalho, no centro, garantir que quem trabalhe à noite tenha ônibus pra voltar pra casa, tornar nossa cidade mais atrativa para grandes eventos, que geram lazer e emprego. Falando em eventos, aliás, podemos curtir o carnaval ao som da marchinha “Na Coxinha da Madrasta”. BH sem Léo Burguês é BH mais feliz.