Não vá embora, Israel Salmen

O problema da mobilidade e a perda de oportunidades

Israel Salmen, empreendedor, cofundador e Chief Executive Officer (CEO) da Méliuz, uma das mais importantes e valorizadas startups brasileiras, está deixando Belo Horizonte para morar em São Paulo.

A principal razão para Israel Salmen trocar a capital mineira pela capital paulista é a dificuldade que ele encontra para fazer negócios, se deslocar em nossa cidade, ir e vir do aeroporto de Confins, fazer reuniões em regiões distintas da cidade, cumprir a agenda que um empresário do porte dele precisa executar diariamente.

Há muitos casos de empresas da capital que transferiram suas sedes para outros municípios, em decorrência da infraestrutura deficiente que a cidade oferece. Entretanto, a notícia de um empresário se mudar de Belo Horizonte por causa da mobilidade complicada e da qualidade questionável de outros serviços públicos é algo raro. Salmen vai para São Paulo, mas a Méliuz permanecerá em nossa cidade.

É óbvio que a precariedade dos serviços em Belo Horizonte acarreta prejuízos para toda a população, não apenas para determinados setores empresariais.

Se a razão para o CEO da Méliuz se mudar para São Paulo é a procura por condições mais propícias para empreender, o estudante recém-formado deixa a cidade em busca de maior especialização acadêmica, enquanto o profissional já qualificado vai atrás de melhor remuneração. Essas perdas humanas atrapalham o desenvolvimento da cidade.

Já tive a oportunidade de falar aqui sobre as cidades que conseguem atrair e manter capital humano altamente especializado. Tal capacidade transformou-se em um diferencial competitivo dessas metrópoles.

A criação de um ambiente amigável e propício ao empreendedorismo e à inovação é cada vez mais valorizada em todo o mundo. E nesse ambiente, os serviços públicos devem ser de excelência. Caso contrário, crescem as chances de ocorrer uma fuga de cérebros, levando ao empobrecimento dos recursos humanos disponíveis.

O problema mais grave de Belo Horizonte, como todos sabem, é a mobilidade. Nesta semana, foi divulgado o Inrix 2019 Global Traffic Scorecard, índice que avaliou as condições de trânsito em 900 cidades, em 43 países. E nossa capital tem o quinto pior trânsito entre essas cidades. Um morador de Belo Horizonte passa em média 160 horas por ano preso no trânsito, o equivalente a seis dias e meio. Perdemos apenas para Bogotá, Rio de Janeiro, Paris e Roma.

Basta esse caos crônico da nossa mobilidade para justificar a fuga de pessoas para outras cidades. Passar horas e horas preso em um engarrafamento representa prejuízo. E, infelizmente, a melhoria das condições de mobilidade não é prioridade para a atual administração municipal.

Confins é o único aeroporto comercialmente viável da região metropolitana, e o acesso a ele é demorado e desconfortável. Solucionar essa dificuldade é urgente.

Entretanto, há muito mais a ser feito para tornar a capital uma cidade inteligente, capaz de usar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população. Além da mobilidade urbana, é necessário investir em inclusão digital, infraestrutura, segurança pública e redução dos custos dos serviços públicos.

É crucial agir para quem faz nossa cidade evoluir não ir embora. E atuar também para trazer de volta quem se foi. Quero você aqui de volta, Israel. E vou trabalhar por isso.

Compartilhe:
Gabriel de a a z

CONFIRA OUTROS ARTIGOS: