Por uma bancada sudestina

Minas merece mais representatividade no Congresso

Nós, mineiros, sempre fomos muito ciosos de nossa grandeza. E certamente incomoda, pelo menos um pouquinho no íntimo de cada um de nós, toda vez que publicam a clássica análise da representatividade de cada Unidade Federativa na Esplanada dos Ministérios. Nesse governo federal, um só ministro é de Minas Gerais. Todavia, a crítica se estende há muito tempo, por várias gestões. Afinal, o povo mineiro não foi tão essencial para a vitória eleitoral do presidente? O papel de Minas Gerais se resume às urnas?

O representante solitário de Minas Gerais na esplanada é o titular da pasta de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD. Não se trata de um aliado preferencial meu e, aliás, foi um dos vários políticos mineiros cujos interlocutores atuaram contra minha candidatura à presidente da Câmara Municipal. E, mesmo assim… tudo bem. Evidente: ele é correligionário do prefeito. Passou. A velocidade da política mineira dispensa retrovisor. Foi nesse espírito que me encontrei com ele agora em fevereiro, para um diálogo muito proveitoso, baseado em um princípio comum: precisamos convergir em defesa de Minas Gerais.

Dialogamos sobre transição energética, fundamental para o desenvolvimento e a modernização de nossa economia, e sobre os desafios para superar a terrível fase em que a mineração deixou de ser marca de desenvolvimento e passou a ser associada a tragédias. Ninguém pode ser hipócrita de achar que a mineração vai acabar, mas precisamos de um diálogo político franco, que preserve valores básicos de desenvolvimento sustentável.

Mais do que as especificidades da sua função, aproveitei a oportunidade para algo que sempre gosto de fazer: conversar com o ministro mineiro sobre as pautas prioritárias mineiras, e, claro, debater sobre a falta de representatividade mineira no centro do poder.

Um exemplo para os moradores de Belo Horizonte é o nosso metrô, famoso por não avançar com governadores e prefeitos do PSDB, do PT, do PSB, do PHS ou do PSD. E um comparativo relevante é o de Salvador, que se desenvolveu de forma mais rápida, mesmo sendo palco da rivalidade histórica entre PT e o então DEM.

A comparação entre Minas Gerais e o Nordeste já elimina uma das mais famosas lorotas do cenário político nacional: a de que as coisas só andam com governos locais e nacionais alinhados. Se fosse verdade, depois de Dilma Rousseff e Fernando Pimentel, ou Jair Bolsonaro e Romeu Zema, deveríamos atingir um padrão de desenvolvimento norueguês. Obviamente não aconteceu. E se não é esse o segredo, qual é? Explico.

É louvável o esforço da bancada do Nordeste ao se dispor a atuar unida. A sempre estar pronta para travar toda a pauta se algum interesse da região for contrariado. Ainda, mais do que isso, deve ser registrado que não fazem isso por inteligência superior ou iluminação divina: é algo que os eleitores de lá valorizam.

Aos políticos mineiros, especialmente ao único ministro de nosso Estado, já dei meu recado. Que tenhamos uma bancada sólida. Aos eleitores, se não gostarem de “sudestina”, que inventem outro nome. Isso é o de menos. Contudo, valorizem os políticos que se unirem a essa iniciativa. Assim, teremos resultado.

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Gabriel de a a z

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