Covid-19 e os males da gestão e da política
O Brasil está sob ameaça de diferentes vírus, capazes de levar o país a um grave estado de prostração política, social e econômica. O primeiro é Covid-19, nome oficial da enfermidade causada pelo novo coronavírus, que surgiu na China, se espalhou por cinco continentes e já chegou a nosso país, onde o primeiro caso da doença foi confirmado e há muitos outros em observação.
O combate eficaz depende de ações internacionais e ao Brasil cabe se unir a esses esforços, contribuindo para reduzir os níveis de transmissão da doença e pesquisando a criação de uma vacina.
Além do impacto para a saúde da população mundial, com milhares de infectados em 41 países, o coronavírus implode as expectativas de crescimento econômico para 2020, em um cenário global que já não era auspicioso.
A China, responsável por 15% do PIB mundial, está com sua economia praticamente parada, e os mercados já sentem os efeitos dessa paralisação. De Tóquio a Londres, passando por Paris e São Paulo, as Bolsas têm registrado perdas significativas.
Para o Brasil e, em especial, Minas Gerais, a economia chinesa em ponto morto traz prejuízos imensos. O país asiático é o nosso maior parceiro comercial, com destaque para a compra de minério de ferro, principal commodity do Estado.
Um bom exemplo dos efeitos econômicos do coronavírus é o possível adiamento do leilão de nióbio que o governo mineiro pretende fazer, com previsão de arrecadar R$ 6 bilhões. Se a venda for adiada, Minas não terá fundos para regularizar o pagamento dos servidores estaduais e outros débitos.
Especificamente no caso de Minas, o caos é ainda maior, pois o governador Romeu Zema foi infectado pelo vírus da incompetência. Com a situação financeira estadual em frangalhos, ele enviou à Assembleia projeto de reajuste salarial para as forças de segurança, com impacto de cerca de R$ 9 bilhões em três anos. Os deputados aprovaram, mas também concederam aumento para outras categorias.
Caso não queira levar Minas à completa inadimplência, a única saída de Zema será vetar integralmente o projeto de lei que ele mesmo elaborou. Ele terá que se autoimunizar.
O vírus do autoritarismo é o que mais estragos tem causado ao Brasil. Seus agentes de contaminação são o presidente Bolsonaro, os filhos, alguns ministros e as quadrilhas digitais que disseminam fake news e planejam manifestações para solapar a autonomia democrática do Congresso e do STF, e criar condições para a implantação de um governo autocrático.
A erradicação desse vírus cabe ao deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, e ao senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado. É dever do Parlamento aplicar freios e contrapesos para impedir a contaminação da nossa democracia. Recomenda-se, em situação extrema, a adoção de profilaxias mais rigorosas, previstas constitucionalmente, caso os disseminadores do autoritarismo insistam em tentar destruir o Estado de direito.
O quarto vírus, não menos letal, é o da desinformação. Seu antídoto vem de jornalistas brilhantes como Vera Magalhães. A ela, minha completa solidariedade pelos ataques que sofreu ao revelar que o presidente tem estimulado atos contra os Poderes Judiciário e Legislativo. Até seus filhos foram ameaçados, por ela ter feito algo essencial à democracia: jornalismo.
E a liberdade de imprensa vai seguir incomodando. É outro remédio eficaz contra os males do totalitarismo, cujos sintomas se fazem mais presentes a cada dia.